No âmbito da Comemoração do Dia da
Europa, promovido pelo Clube Europeu, as alunas Marta Bessa e Marta Mousaco, do
12.º Ano de escolaridade, responderam ao repto
que lhes foi lançado pela
Professora de Economia C, de realizar uma entrevista à Senhora
Eurodeputada Doutora Ana Gomes, que esteve presente no Agrupamento de Escolas
Verde Horizonte, no dia 10 de maio, para
nos falar sobre o “Futuro da Europa”.
Marta Bessa: Então, para dar início à entrevista, começamos por lhe
perguntar qual é, resumidamente, o papel de um eurodeputado?
Doutora Ana Gomes: Eu penso que um eurodeputado é um representante
do povo português que está no Parlamento Europeu para fazer valer os pontos de
vista de Portugal, a sua interpretação da sensibilidade de Portugal, o porquê
de não podermos tirar as pessoas do processo no plano europeu e para ajudar a
criar soluções para problemas, que não são apenas nacionais, mas também
europeus, ajudando a dar uma lente portuguesa à análise dos problemas e ao
desenho das soluções.
Marta Mousaco: Quais são os temas que na atual legislatura estão a ser
mais debatidos?
Doutora Ana Gomes: Tudo o que afeta a nossa vida, a sociedade e cada um dos países da Europa e até para além da Europa, porque vivemos num mundo interdependente e globalizado e não nos podemos abstrair dele.
Essa coisa que alguns sugerem - “A Fortaleza da Europa” - não existe, pois a Europa não vive desconectada do resto do planeta e, portanto, todas as questões são da maior importância e, por isso, depende muito da área em que cada deputado trabalha, porque já é especializado num determinado setor.
Por exemplo, quem vem da área da saúde, é natural que no Parlamento Europeu se interesse em particular com as questões relacionadas com a saúde, as questões de governação e de ética, do mundo digital que têm implicações na saúde.
Quem, como eu, vem da área da política externa naturalmente tem particular interesse pelas questões da segurança global, do combate ao terrorismo, da governação a nível global, da resolução de conflitos por via pacífica, com o problema das migrações e também, naturalmente, algumas áreas em que as implicações são transversais, por exemplo, as implicações do digital, da proteção de dados, da privacidade, da defesa dos cidadãos e da defesa dos direitos fundamentais.
Depois, tudo o que tem a ver com o combate à corrupção, e se eu não cheguei aí
pela minha especialidade na política externa, cheguei, por um lado, por me
preocupar com os direitos humanos e com as desigualdades na Europa, com o
crescimento dos populismos que cavalgam, o descontentamento dos cidadãos e por
ver que muitas das políticas estavam erradas e não respondiam às necessidades
dos cidadãos, designadamente dos mais jovens e, depois, por outro lado, por
achar que era uma questão essencial de integridade na política, na
credibilidade face aos cidadãos garantir que não há corrupção, que os políticos
verdadeiramente servem o interesse público e não o interesse de grupos privados
e, portanto, comecei a trabalhar nessa área, designadamente através das
comissões de inquérito que o Parlamento Europeu lançou em resultado dos vários
escândalos que os jornalistas de informação expuseram e cada vez me comecei a
interessar mais pelo combate à mesma e, por isso, hoje é uma das áreas
privilegiadas do meu empenhamento político e de cidadania que fiz no Parlamento
Europeu e que tenciono continuar a fazer na vida cívica aqui em Portugal,
depois de sair do Parlamento Europeu.